Esta é uma história real. Fora os nomes, tudo o resto se passou em Santiago de Cabo Verde, no final da década de (19)90. Duas crianças com acesso à televisão e de uma classe não desfavorecida daquele meio comentavam o seu primeiro dia de aula. Djunê e Zavá são primos. Djunê é filho de uma professora primária, formada. Vai para o primeiro dia de aulas já preparado pela Mamã de que vai ouvir/falar o português. Segue o diálogo em cabo-verdiano com tradução por minha conta:
- Zavá, nhôs papia purtugês?
- Modi?
- Si hôs papia paaaapia purtuges, môs...portugês. Prusóra ka papia ku nhôs purtugês?
- ...
- Zavá, nhôs ka fla "Bom dia, dá licenças, faz favor, como te chamas". POR_TU_GUÊS
- Môs, bô é fastentu, môs. Anôs, nu papia ku bóka, pateta.
TRADUÇÃO:
- Zavá, vocês falaram português?
- O quê?
- Tou perguntando se vocês falaaaaaaram português, cara..português. A professora não falou português com vocês?
- ...
- Zavá, Vocês não disseram "Bom dia, dá licenças, faz favor, como te chamas" POR_TU_GUÊS
- Puxa, cara, como tu é chato, meu. Nós falamos foi com a boca, seu mané.